Vitamina D
Dra. Lilian Mello Soares
Médica Patologista Clínica
Assessoria Científica Lab Rede
O papel da vitamina D na manutenção da
homeostase de cálcio e fósforo está bem
estabelecido, sendo sua deficiência relacionada
a raquitismo em crianças, osteomalácia em
adultos e, cronicamente, a osteoporose. Mais
recentemente, a deficiência de vitamina D tem
sido associada a outras condições crônicas,
como doenças cardiovasculares, doenças
autoimunes e câncer, sendo crescente o
interesse clínico sobre ela.
A forma mais confiável de avaliar os níveis
de vitamina D é através da dosagem em soro
ou plasma de 25-hidroxivitamina D [25(OH)D],
seu principal metabólito circulante, produzido
no fígado. Existem duas formas de 25(OH)D:
25(OH)D3, formada a partir da vitamina D3
(colecalciferol) e 25(OH)D2, derivada da
vitamina D2 (ergocalciferol). A vitamina D3 é
sintetizada naturalmente na pele exposta a
radiação UV e também é encontrada em
alguns peixes. A vitamina D2 é produzida pela
irradiação UV de esterol vegetal (ergosterol) e
é menos potente que a vitamina D3.
Atualmente, estão disponíveis imunoensaios
automatizados rápidos, práticos e que
requerem menor volume de amostra que os
métodos manuais para dosagem de 25(OH)D.
Em países em que tanto a vitamina D2 quanto
D3 estão disponíveis para suplementação,
preconiza-se o uso de ensaios que dosem as
duas formas de vitamina D [25(OH)D total].
Grande parte da população apresenta
níveis diminuídos de vitamina D devido à
exposição reduzida ao sol e ao uso de filtros
solares. Pessoas de pele negra requerem uma
exposição maior para obter a mesma
produção de vitamina D que pessoas com
menor pigmentação cutânea. O mesmo
acontece para as pessoas mais velhas em
relação às mais jovens.
Concentrações diminuídas de 25(OH)D
têm sido associadas a risco aumentado e
progressão de diversas doenças, como
osteoporose, câncer, doenças cardiovasculares,
esclerose múltipla e outras doenças
autoimunes. Recomenda-se que pessoas com
estas doenças ou em risco de desenvolvê-las
tenham seus níveis de vitamina D dosados e,
em caso de deficiência, esta deve ser
suplementada e monitorada. É recomendado
que o nível de vitamina D nestes indivíduos
esteja acima de 30 ng/mL, especialmente
naqueles com causas secundárias de
osteoporose, como hiperparatireoidismo, e em
pacientes com doença renal avançada.
Estudos em pacientes renais crônicos indicam
que eles apresentam comumente baixos níveis
de vitamina D, e esta deficiência tem sido
associada a aterosclerose e disfunção
endotelial.
Recomenda-se uma dosagem basal de
vitamina D e monitoramento após 3 meses de
suplementação com doses diárias. Em
regimes intermitentes, a dosagem é
recomendada após pelo menos 3 meses,
imediatamente antes da administração da
próxima dose. O monitoramento subsequente
deve ser realizado a critério clínico, levando-se
em consideração a dose empregada na
reposição. A suplementação sem dosagem
basal é recomendada em pessoas de pele
escura, idosos e indivíduos institucionalizados.
A vitamina D pode ser tóxica em doses
muito altas, sendo proposto um limite superior
de segurança de 100 ng/mL.
Como não há
dados que demonstrem que níveis acima de
50 ng/mL apresentam benefícios adicionais à
faixa de 30 a 44 ng/mL, 100 ng/mL deve ser
considerado um limite de segurança e não um
alvo terapêutico a ser atingido.
REFERÊNCIAS
1. Souberbielle J-C, et al. Vitamin D and musculoskeletal health, cardiovascular disease, autoimmunity and cancer: Recommendations
for clinical practice. Autoimmunity Reviews 2010, doi: 10.1016/j.autrev.2010.06.009. 2. Wagner D, Hanwell HEC, Vieth R. An evaluation
of automated methods for measurement of serum 25-hydroxyvitamin D. Clinical Biochemistry 2009; 42: 1549-1556.
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